terça-feira, 24 de abril de 2012

Compra-se prazer x mito do Andrógino

Quanto vale a sua integridade??? O seu corpo??? A plenitude de uma ação única entre duas pessoas?? A resposta imediata de certo seria " não tem preço", mas essa noite ao assistir o programa A liga, sobre prostituição, fica dificil de mensurar a quantidade idéias que me surgem a respeito.
Se por um lado existem as mulheres, travestis, gays etc etc e alguns homens ( muito poucos), cobrando por prazer, fica facil julgar e ser conservador e contra esse tipo de atitude, mas o que percebi é que, como em todo o resto do mundo, se existe mercado é pq existe demanda, e a demanda é de gente que anda por ai, trabalha ao seu lado, corre na esteira ao lado da sua, e antes de ir para o aconchego do lar, pára em uma esquina e gasta dinheiro e tempo com prazer, com uma desconhecida.
A integridade de quem devemos questionar hein??? De  quem mostra a cara, cobra e entrega um "serviço", ou dessas pessoas que pagam por minutos, horas, uma noite de diversão??? E pq pagar??? O que conduz um homem em busca de sexo com garotas de programa???
Não busco um julgamento, não há certo ou errado, existe livre arbitrio, mas essas são questões que mais uma vez me levam a repetitiva análise sobre as diferenças entre homens e mulheres ... e num rapido bate papo com alguns amigos percebi que homens tem uma capacidade louca de se desprender do corpo, e ser apenas falo, e essa capacidade lhes liberta de qualquer julgamento de si mesmos. Assim, não existiu a pessoa, o homem que traiu, fez sexo com uma profissional ... É muito louco, e espero sinceramente que essa capacidade de desmembrar personalidade e prazer sexual não seja inerente à todos os homens!!!!
quanto  vale sua integridade??? Agora eu digo que depende, e espero de verdade, que as pessoas que vendem o prazer, quanto as que compram , estejam livres destes questionamentos, e principalmente realizadas, pq não há coisa pior que a frustração, quiça esta então!!!
E se pensarmos conforme o mito do Andrógino abaixo, algo tão peculiar, tão intimo, tão nosso pode ser vendido????

Segundo o mito do Andrógino ( Andros - homem, Gynos - mulher),  em que não havia dois sexos, mas três: homem, mulher e a união dos dois, em forma de circulo com as cabeças para as costas, quatro pés e quatro mãos. Segundo o mito, essa união tornava tão forte e poderoso o ser humano, que este desafiou os deuses.  Zeus então decidiu cortá-los ao meio, e virar suas cabeças para que pudessem comtemplar eternamente sua parte amputada e assim tornar-se humilde. Muitos começaram a morrer, de fome e desespero.
Zeus ficou com pena das criaturas. E teve outra idéia. Virou as partes reprodutoras dos seres para a sua nova frente. Antes, eles copulavam com a terra. De agora em diante, se reproduziriam um homem numa mulher. Num abraço. Assim a raça não morreria e eles descansariam. Poderiam até mesmo continuar tocando o negócio da vida. Com o tempo eles esqueceriam o ocorrido e apenas perceberiam seu desejo. Um desejo jamais inteiramente saciado no ato de amar, porque mesmo derretendo-se no outro pelo espaço de um instante, a alma saberia, ainda que não conseguisse explicar, que seu anseio jamais seria completamente satisfeito. E a saudade da união perfeita renasceria, nem bem os últimos gemidos do amor se extinguissem.

E esta é a nossa história. De como um dia fomos um todo, inteiros e plenos. Tão poderosos que rivalizávamos com os deuses. É a história também de como um dia, partidos ao meio, viramos dois e aprendemos a sentir saudades. E é a razão dessa busca sem fim do abraço que nos fará sentir de novo e uma vez mais, ainda que só por alguns momentos (quem se importa?), a emoção da plenitude que um dia, há muito tempo, perdemos, isso não dá pra vender nem comprar gente ...

Não é à toa que aqui e ali, entre os chineses e os hindus, por exemplo, tenham florescido rituais, técnicas e filosofias, cujo objetivo era transformar a energia que nascia deste abraço em energia espiritual e fazer do sexo o caminho para o divino. Algo que, de fato, pudesse preencher o vazio de que somos feitos. Alguma coisa forte o bastante, para nos alçar de novo até o alto da montanha dos deuses. Mas esta história eu conto numa outra vez...