terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Inspirado em Augusto dos Anjos

 É deprimente chegar a conclusão de que, embora a contragosto, somos todos parte de uma sociedade capitalista e negligente, onde somos apenas números,máquinas, clientes e consumidores...
  Desde que era criança carrego comigo muitas dores do mundo. Dores pelo descaso. Dores tão profundas como feridas abertas, e a medida que fui crescendo tive medo de passar a participar disso, de me acostumar com as tragédias humanas, tive medo até, de um dia, nem saber mais quem eu era, de estar tão perdida a ponto de não saber mais nem de mim, quem dirá dos outros. Mas ao contrário dos meus medos infantis, minha guerra contra esse mundo passou a aumentar conforme fui crescendo, e hoje a dor e incálculavelmente maior! Ser adulta nesta sociedade, requer um esforço sobrenatural, requer muita atenção e cautela, mas ao final das contas, vejo que tudo é em vão. A necessidade de sobreviver mostra que o ser humano possui um instinto, eu diria, quase assassino, que mata muitos por fome e uma minoria por indigestão.
   A vida perdeu o sentido completamente, corremos tanto em busca de sonhos financeiros e paraísos aquisitivos, e o que temos não nos satisfaz, queremos sempre mais e mais.  
  Eu não quero muito. Quero ter tempo para ajudar, quero costurar a boca insaciável deste círculo vicioso chamado dinheiro, preciso de paz!!! Estar assim me entristece, sinto-me inútil, impotente. É dificil entender por que viver tornou-se um genocidio. Viver é um crime contra toda a humanidade já que para tal somos capazes de qualuqer coisa. Já que para termos futilidades a disposição, somos capazes de matar, vender, prostituir, dissimular. Tudo hoje tem um preço e está a venda para quem possa comprar, tudo está em exposição nesse imenso mercado chamado mundo. Há pessoas que me consideram estranha, timida, vulgar, arrogante, mas a verdade é que cada um vê a sua própria imagem, por que precisamos acreditar que somos iguais. Quando se trata de sujeira, escuridão e solidão.
   Eu sou o que sou, nem boa nem má, digamos neutra, afinal nenhuma das minhas opiniões tem valia a não ser para mim mesma, e talvez seja por isso que me habituei a escrever, a dizer sem que me perguntem, ou a calar e ouvir tudo que já sei.
  No fundo, alimento uma ponta de esperança de que, nós seres humanos, podemos ser bons. A idéia de que nossa essência é má, não me parece verdadeira. Se somos a imagem e semelhança de Deus, há de existir bondade em nossos corações, tão marcados e revestidos de amargura e poeira por tanto mal cuidado, e por tanto tempo. Acordemos para ver e sentir o calor do sol! Vejamos as flores, as árvores, as pessoas. Convidemo-nos uns aos outros para um passeio à tarde, onde possamos ficar deitados na grama, nostálgicos e saudosos de nossa infância! Talvez ainda haja tempo!!! Digamos "Eu te amo" quantos vezes houver sentimento e vontade, o tempo passa tão depressa. Amar é uma dádiva sublime.É possivel sim vivermos em comunhão, mas é necessário que se queira do fundo da alma.É preciso manifestar essa essência que carregamos camuflada. Preciso de ajuda para provar a mim mesma, pelo menos, que a existência humana não é uma falha, mas sim uma virtude.
   Que os olhos se abram e possamos enxergar os outros como se fossem nós mesmos. Sentir a fome, a frio, a dor, o desprezo como se tal acontecesse a cada um de nós. Talvez possamos achar no espelho o único possível responsável por esta mudança tão esperada por mim. Tente !

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